Se tem uma coisa que os maranhenses fazem bem, é a comida. Iguarias com os mais variados ingredientes se apresentam em restaurantes, bares e barraquinhas para uma clientela ávida pela explosão de sabores que é marca registrada do estado, e neste artigo vamos falar sobre uma dessas iguarias que só no Maranhão você encontra, o doce de espécie.
O doce, que é proveniente de uma região específica do estado, caiu no gosto dos maranhenses e de turistas, e se popularizou dentro e fora do Maranhão. Para que você conheça a história do doce de espécie, redigimos este artigo, mas é claro que nem só de cultura vive a humanidade, então vamos apresentar a receita original do doce, para que você possa preparar em casa e se deliciar com essa gostosura.
História do doce de espécie
Foi lá na cidade de Alcântara, no Maranhão, que essa gostosura foi desenvolvida e logo caiu no gosto da população. O estado, com seus lençóis, uma doçaria bastante farta, variada e cheio de peculiaridades, adotou o doce como uma das estrelas das comidas típicas, e o sucesso foi tanto que vários vizinhos nordestinos passaram a reproduzir a receita, às vezes sofrendo pequenas alterações.
A culinária maranhense sofreu forte influência dos povos originários, escravos africanos e dos colonizadores holandeses e portugueses. Mas realmente foi sob influência dos açorianos que surgiu em Alcântara o doce de espécie, uma iguaria redondinha que lembra bastante uma tartaruguinha, e é feita originalmente com farinha de arroz, um ingrediente que faz toda a diferença tanto no sabor quanto na textura do doce, mas que muitas vezes é substituído pela farinha de trigo, por ser mais fácil de encontrar.
Ingredientes tradicionais do doce de espécie
O coco é um produto largamente utilizado no Brasil todo, mas em especial nos pratos da culinária nordestina. No caso desse doce tipicamente maranhense o coco não poderia faltar na receita.
A farinha de arroz é outro ponto bem comum no nordeste e se popularizou com o surgimento de dietas restritivas ao trigo e glúten. Ela custa mais caro que a farinha de trigo e é um pouco mais difícil de encontrar, mas é possível preparar sua própria farinha de arroz caseira.
Para fazer a farinha de arroz é preciso bater num processador o arroz bem sequinho, e ir peneirando. Os pedaços que sobrarem na peneira devem voltar ao processador até que virem farinha. O custo será menor que o da comprada em lojas especializadas e mercados.
Receita autêntica do doce de espécie
Agora vamos para a parte mais gostosa do artigo que é justamente a receita!
Receita do doce de espécie
Ingredientes do recheio:
3 xícaras de chá de coco ralado grosso
2 xícaras de chá de açúcar
1 xícara de chá de água
Cravo e canela a gosto
Ingredientes da massa:
2 xícaras de chá de farinha de arroz
5 colheres de sopa de óleo
½ colher de chá de sal
½ xícara de água
Modo de preparo do recheio:
Colocar todos os ingredientes do recheio numa panela e levar ao fogo médio, mexendo o tempo todo até levantar fervura. Depois que a calda começar a ferver, mexa de vez em quando. Quando a mistura estiver bem cremosa, desligue o fogo, passe o recheio para um tabuleiro untado com manteiga e deixe esfriar.
Preparo da massa:
Coloque a farinha de trigo numa tigela e junte o óleo, o sal e a água. Misture suavemente até que a massa fique homogênea. Em seguida, polvilhe farinha de trigo sobre uma superfície de trabalho lisa e ampla. Abra a massa com um rolo até que ele esteja bem fina. Com a ajuda de um copo ou de um cortador circular, corte-a em discos. Polvilhe uma assadeira com farinha de trigo e coloque os discos de massa.
Montagem do doce de espécie:
No meio de cada disco de massa coloque uma colher de sopa bem generosa da cocada já fria. Decore cada docinho com tiras finas da massa, fazendo um laço. Coloque os doces em forno quente e asse por aproximadamente 20 minutos em fogo médio. Sirva frio com compotas, geleias, ou mesmo puro. Bom apetite!
Como servir o doce de espécie
O doce de espécie é versátil e cai bem desde o café da manhã, com um bom cafezinho ou suco de frutas, ao lanche da tarde, onde pode ser servido com geleias de frutas típicas do estado do maranhão, que são jenipapo, caju, buriti, cupuaçu, jaca, bacuri ou murici. Um trio de sucesso é composto pelo doce de espécie, geleia e café.
Mas há ainda quem sirva um pudim de tapioca ou o doce de espécie como sobremesa depois das refeições, já que sua massa lembra bastante o da massa de bombocados, e o recheio de cocada oferece ainda mais sabor e cremosidade. Muitas pessoas consomem o doce com maior frequência na época da Festa do Divino, já que é uma tradição maranhense, mas um delícia dessas deveria ser consumida o ano todo, nos mais variados momentos e eventos!
Curiosidades e variedades regionais
O doce inicialmente era preparado para ser servido num movimento cultural e religioso, que é a Festa do Divino, que ocorre sete semanas depois do domingo de Páscoa. Mas ele se popularizou tanto que sua produção artesanal virou fonte de renda de muitas famílias de Alcântara, que vivem de fabricar e vender o doce de espécie por todo o estado do Maranhão.
Fora do estado é possível encontrar a versão do doce com pequenas adaptações, como o uso de leite de coco no lugar da água e a farinha de trigo no lugar da farinha de arroz, que é um pouco mais difícil de encontrar e mais trabalhosa de fazer. Mas se você estiver interessado em provar o doce preparado da forma original é só fazer sua própria farinha de arroz e seguir fielmente a receita da doceria maranhense.